quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Agrofloresta é o mutirão da natureza





Agroflorestar agroecologicamente é estar em mutirão até mesmo quando se é o único ser humano presente. Árvores, pássaros, minhocas, fungos, abelhas, lagartas, formigas são sempre os parceiros nesta jornada. O trabalho é trazer de volta as velhas guardiãs das florestas, as árvores anciãs que infinitas vidas alimentam em sua existência, para ocupar seu lugar na terra das florestas ancestrais, um verdadeiro mutirão pela vida. A prática da agrofloresta é um processo intenso de reconexão com a natureza e seus ciclos, a fim de reverberar na frequência da natureza. E mesmo quando somos o único ser humano naquele agroecossistema é um auspicioso servir em mutirão com todos os seres que trabalham para o funcionamento da floresta, dos amigos microscópicos, que transformam os restos orgânicos em terra nova, aos felizes e alados amigos que cantam, semeiam e polinizam.

Existem muitos trabalhos sendo realizados a todo instante numa agrofloresta, numa verdadeira sinfonia de diversos seres, cada qual com seus dons e sabedorias, na agrofloresta agroecológica você nunca fica só. As próprias árvores trabalham para trazer nutrientes à superfície do solo, suas profundas raízes buscam nutrientes e os colocam no chão da floresta quando as árvores derrubam suas folhas, ou mesmo, com o manejo agroflorestal, pela realização da poda. As árvores também cooperam com as amigas aves, que atraídas pelas flores ou frutos, dispersam sementes e pólens por onde voam, nos ajudando a reflorestar outros cantos. Os pássaros ainda comem larvas e insetos que poderiam causar prejuízos às árvores, assim nunca se esqueça de deixar uns frutos para estes companheiros de mutirão.




Os amigos fungos são em grande parte responsáveis pela decomposição do material orgânico e formação de solo, pela liberação dos nutrientes presentes em restos de folhas e galhos, nutriente aquele que a árvore foi buscar lá no solo profundo. Algumas bactérias de solo são capazes de formar parcerias com as raízes de algumas plantas e fixar nitrogênio atmosférico para que a planta possa utilizá-lo. As secreções das bactérias são também importantes aglutinadores de solo, são responsáveis pela formação de grumos, pequenas bolinhas de solo. Todos este processo, de formação de solo orgânico, de formação de grumos, aliados a uma outra enorme quantidade de seres, como minhocas, centopéias, besouros são fundamentais para que se mantenha a estrutura do solo funcional, isto é, permitindo a circulação de ar e águas, realimentando lençóis freáticos e reservatórios subterrâneos. Mas para alimentar esta multidão de seres é necessário que se faça constantemente a cobertura do solo com restos vegetais, de podas e capinas. Quanto mais material orgânico cobrindo o solo, mais diversidade de vida teremos trabalhando. Os solos ricos em matéria orgânica proporcionam a existência de fungos que são também eficazes na absorção de nutrientes pelas raízes das árvores, mas mais do que isso, são capazes de estabelecer conexões metabólicas entre as raízes de árvores distintas.

Nada está isolado, nem só.





Clovis Oliveira - Jardinoterapeuta

@floraacao



6 comentários:

  1. Pulsante é a palavra. Fui pra floresta com o texto... Na verdade parecia a criação: "e fez-se o solo fertil graças a matéria orgânica"

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    1. querida, que delícia saber que vc foi pra floresta, gracias

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Que texto lindo...dá pra gente sentir a pulsação da vida...Parabéns amigo...!

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